Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, render-me à depilação genital. Falaram que me ia sentir dez quilo mais leve. Mas acho que os pentelhos não pesam assim tanto…
Disseram que o meu amor ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa, eu supunha que ia doer, porque ao menos disso elas fizeram questão de me avisar.
Mas o que eu não esperava, é que por trás disso, “e bota por trás nisso”, havia toda uma indústria pornô- estética.
- Olá, queria marcar depilação com a Sónia.
- Vai depilar o quê?
- Virilhas….Tudo!!
- Total?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma total…. mas já que era para fazer, quis fazer bem feito.
- Total mesmo!
- Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque não sabia bem o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, para ficar chique, escolhi uns boxers apresentável, e lá fui.
Assim que cheguei a Sónia já estava á minha espera.
Uma moça alta, mulata, bonitona, bom… a coisa está a ficar interessante…
Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado, saímos da sala de espera e entramos num longo corredor.
De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas e por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com manicómio…já sentia um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão.
Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
- Querido, pode deitar-se.
Tirei as calças e, timidamente, fiquei lá estirado de cuecas na maca.
-Vamos lá tirar tudo ,cuecas fora...!
-Tudo....???mas a Sónia mal olhou para mim,virou-se de costas e ficou de frente para uma mesinha.
Ali estavam os aparelhos de tortura, vi coisas estranhíssimas…
Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça, meu Deus, era mesmo um local de tortura..
De repente ela vem com uma tesoura na mão, fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpreso quando ela pegou nas pontas dos pelos e deu umas tesouradas
- Deixo alguns pelos? é melhor não ficar nada.
- É... é, isso.
A Sónia começou a pegar nos tufos de pelo por cima do “Felisberto” é o nome carinhoso de meu “órgão”, esqueci de o apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão ainda vai doer mais.
- Ah, sim, claro.
Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia….mas confiei.
De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pelo fumo).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querido, como uma borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois põe uma perna para cada lado.
- Arreganhado, né?
Ela riu. Que situação…
E então, a Sónia passou a primeira camada de cera quente no “tomatal” era uma sensação gostosa, quentinha, agradável, até a hora de puxar…
Foi rápido e fatal.
Pensei que toda a pele dos meus tomates, inclusive do meu corpo todo tivesse saído, que apenas tivesse sobrado a minha ossada sobre a maca, não tive nem coragem de olhar….
Achei que havia sangue a jorrar até o teto.
Até procurei o meu telemóvel com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o 112
Tudo isto ao mesmo tempo que tentava disfarçava com uma expressão de concentração , para fingir que era tudo super natural.
A Sónia perguntou se estava tudo bem quando me notou roxo…. É que me havia esquecido de respirar, tinha medo de que doesse mais….
- Tudo óptimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa "que homem estranho".
Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.
O processo medieval continuou, a cada puxadela eu tinha vontade de espancar a Sónia.
Lembrava-me das minhas amigas que me recomendaram a depilação, que as mulheres gostavam mais, e tal… e eu pensava que era tudo uma grande partida .. Só para me fazer sofrer, todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire mas a baixo?
- Não, eu quero só virilha, e… pode deixar a barba..
- Não, querido, para ficar bem feito tenho que fazer também atrás.
Não, não, pára tudo. Depilar atrás… ? Porra , que ideia…
Mas lá concordei , quem já chegou até aqui já não pode esta mais fodido…
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o gabinete da
Sónia e dá uma olhadela no “Felisberto”.
- Olha, está a ficar muito boa essa depilação.
- Menina, mas está cheio de pelos encravado aqui, vê aqui mais perto…
Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração daquelas duas, estavam tão perto, tão perto ...
Cerrei os olhos e pedi a deus que fosse um pesadelo….” tira-me daqui, deus, que eu tenha o poder de me teletransportar ".
Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram uns pelinhos, tá?
- Pode pinçar, já está mesmo tudo dormente.., não estou a sentir nada.
Estava enganado…
Senti cada picadinha daquela pinça filha da puta a arrancar os pentilhinhos
resistentes da pele completamente dolorida.
E quis matá-la, mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir….
- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado para fazer a parte de trás…Pior não podia ficar, obedeci à Sónia
Deitei me de lado e fiquei á espera das novas ordens.
- Segure o seu “rabo” aqui!
- Hein?
- Essa “bochecha “de cima, segure, para a afastar da outra ..
Tive vontade de chorar, eu não podia ver o que Sónia via …mas ela estava a olhar para ele, o “olho que nada vê”.
Quantos o haviam visto… à luz do dia…? Nem o meu urologista!!
Quis chorar, gritar, peidar-me na cara dela, como se pudesse envenená-la.
Fiquei a pensar nela, a acordar à noite com um pesadelo…. O marido
perguntaria:
- Tudo bem, Sónia?
- Sim... sonhei de novo com o cu de um cliente.
Mas de repente fui novamente trazido para a realidade….Senti o aconchego falso da cera quente a besuntar o meu traseiro.
Não sabia se ficava com mais medo de quando ela fosse puxar, ou com vergonha da situação.
Sei que ela deve ver mil cus por dia, aliás, isso até alivia a minha situação. Porque é que ela se lembraria justamente do meu entre tantos?
E aí, veio-me um pensamento,peraí.... mas temos lá assim tanto pelo..?
Fui impedido de desfiar o questionamento, a Sónia puxou a cera.
Achei que o meu traseiro tivesse ido toda embora….com um puxão só, a Sónia arrancou-me qualquer coisa que ali estivesse …
Com certeza não havia nem uma preguinha para contar a história …
Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo que emitia uns sons desvairados com palavrões e preces, tudo junto..
- Vire-se agora do outro lado.
Porra.. por que é que não arrancou tudo de uma vez?
Virei me e segurei novamente a outra bochecha.
E é então que piora…. A alcoviteira da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Sónia, emprestas-me um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu dos meus olhos, era dor demais, vergonha demais…
Aquilo não fazia sentido, estava a depilar-me para quem… para que?
Ninguém ia ver o(olho) tão de perto…
Só mesmo a Sónia, e agora a vizinha alcoviteira ..
- Terminamos. Pode-se virar que vou passar a maquina .
- Máquina de quê?!
- Relaxante, é tipo uma massagem.
- Dói?
- Não dói nada.
- Tá, passe lá essa merda...
Foram dois segundos de choque extremo.
Mas o choque foi substituído por uma total redenção.
Ela viu tudo, o “Felisberto” ao olho do cu…bom, esta parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinho, posso passar um talco?
- Pode, vamos lá deixar o Felisberto grisalho.
- Está lindo! Agora devia era ir namorar muito …
Namorar...namorar... eu estava era com sede de vingança…
Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso.
Mas doía e incomodava demais, queria matar as minhas amigas…
Queria virar um homem das cavernas,, morrer peludo, protestar contra a depilação, queria fazer passeatas, e criar uma lei anti-depilação .
O autor é desconhecido, mas confesso que pagava para assistir a esta comédia!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Realidade ou alucinação ....
. “Cu que não fala é cu sem...
. Hummm, pode ser quentinho...
. Traição
. Umas dirão que sim, outra...